NOVO MANIFESTO PELA FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES DE MAIO, E FIM DA "RESISTÊNCIA SEGUIDA DE MORTE"

segunda-feira, junho 21, 2010

“Mães de Maio” lutam pela punição dos autores da matança de 2006



15/06/2010


Fotos das vítimas da matança de 2006 são expostas durante manifestação das Mães de Maio, em SP


FABRÍCIO MOREIRA
Enquanto o atual governo de São Paulo e os ex-governadores Geraldo Alckmin e José Serra (PSDB) fazem de tudo para evitar o tema PCC, as mães de vítimas dos assassinatos praticados por policiais em 2006 querem o contrário. O Movimento das Mães de Maio, que pede à Justiça que responsabilize o Estado pelos crimes, pretende transformar o período de 12 a 21 de maio na Semana Nacional das Vítimas do Estado.
A proposta será encaminhada nesta semana à Comissão de Direitos Humanos e à presidência da Assembleia Legislativa.
”Já tem dia para tudo, menos para o ser humano. O que mais se mata aqui é negro e pobre”, afirma Débora Maria da Silva, uma das líderes do movimento. Moradora em Santos, ela perdeu o filho, o gari Edson Rogério dos Santos, no que teria sido o revide policial à onda de ataques da facção criminosa que nasceu e cresceu nas penitenciárias de São Paulo.
Débora tem certeza de que seu filho foi executado por policiais na noite de 15 de maio. Ele tinha passagem anterior pela polícia, por roubo, e foi assassinado com cinco tiros.
“Quem matou meu filho em 2006 é o mesmo pessoal que cometeu a chacina em abril desse ano (na Baixada Santista). Essa matança de agora só aconteceu porque o Estado não assume a culpa e não responsabiliza ninguém pelas mortes de 2006.”
INDÍCIOS E EVIDÊNCIAS
Diante do abandono do caso pela polícia paulista, as Mães de Maio querem que a Polícia Federal conduza outra investigação sobre a mortandade de 2006. Paralelamente, a Defensoria Pública tenta obrigar o Estado a indenizar as famílias por danos morais. No mês passado, o órgão impetrou na Justiça oito ações de indenização aos familiares das vítimas e a um sobrevivente atacado pela polícia. Cada ação pede 300 salários mínimos, hoje equivalentes a R$ 153.000,00. Além dessas ações, há outros dois pedidos de indenização, iniciados em 2006 e ainda não julgados.
Para o defensor público Antonio José Maffezoli Leite, o Estado tem responsabilidade tanto pela matança de abril deste ano, em cidades do litoral paulista, quando pelos assassinatos de maio de 2006, por várias razões:
1) os fortes indícios de que o grupo de extermínio é composto de policiais;
2) a não-garantia de segurança em maio de 2006, quando “as autoridades diziam que estava tudo bem”;
3) a ausência de punição e a investigação malfeita.
“O modus operandi foi sempre o mesmo: homens encapuzados, com armamento de uso restrito da polícia, e com várias testemunhas dizendo que foram policiais (que mataram)”, argumenta ainda Maffezoli.
JUSTIÇA ADIA JÚRI
Passados mais de quatro anos dos crimes de maio de 2006, nenhuma família das vítimas da polícia ou do PCC recebeu indenização. Ontem, a tragédia ganhou novo capítulo: a Justiça paulista adiou para agosto o julgamento de um dos supostos integrantes da facção criminosa acusados de matar o bombeiro João Alberto da Costa. A sessão foi remarcada porque uma testemunha não compareceu.
Em março deste ano, três acusados pelo assassinato do bombeiro foram absolvidos por um júri popular. O promotor Marcelo Milani, que atua no caso, disse acreditar que os jurados absolveram os réus por medo.
“A expectativa é que dessa vez (no julgamento remarcado para agosto) seja diferente”, disse Milani ontem.
A MORTANDADE
O Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio estima que 505 civis morreram entre as 564 pessoas assassinadas entre 12 e 21 de maio de 2006. O governo paulista prefere o dado do Conselho Regional de Medicina do Estado, que é menor: 493 mortos, entre eles 47 agentes de segurança pública. Os agentes públicos foram mortos nos dias 12 e 13 de maio; as vítimas civis, entre os dias 14 e 17.

segunda-feira, junho 14, 2010

Sargento acusado de chefiar "eixo do mal" da PM é preso em SP

14/06/2010-17h02
ANDRÉ CARAMANTE - Folha.com
DE SÃO PAULO

Apontado pela Promotoria e Corregedoria da Polícia Militar como um dos chefes do chamado "eixo do mal" da corporação, o sargento Cristiano Leite Guiron, 37, foi preso nesta tarde em um batalhão de Guarulhos (Grande São Paulo).

Até 2006, o sargento Guiron integrava a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), espécie de tropa de elite da PM paulista.

De acordo com as investigações, o sargento Guiron é suspeito de ter furtado cerca de R$ 10 mil e uma arma irregular que era mantida escondida na casa do também PM da Rota Emerson Barbosa da Silva Santos, 32.

O soldado Santos foi assassinado em setembro de 2006. Seu corpo foi queimado e encontrado em Louveira (71 km de São Paulo). O soldado Santos e o sargento Guiron, segundo a Promotoria e Corregedoria da PM, faziam parte do "eixo do mal" da Rota.

Para a Promotoria, Santos foi morto por desavenças com outros policiais da tropa de elite da PM que, assim como ele, são suspeitos de cometer crimes como roubo de carga e achaques contra procurados pela Justiça.

A própria mulher do soldado Santos, Renata Gomes de Oliveira Franco, presa no dia 2 acusada de participação na morte do marido, confessou que a vítima e o sargento Guiron usavam a estrutura da Rota para cometer crimes.

Existe a informação de que Santos e Guiron chegaram a deixar um procurado da Justiça quatro dias em cativeiro para que seus comparsas arrumassem dinheiro para pagar um resgate.

A reportagem ainda não localizou o advogado do sargento Guiron.

Os assassinos do litoral paulista

Carta Capital - 01/06/2010

BAIXADA SANTISTA - Nova onda de violência desnuda a força de grupos de extermínio

Noite de 26 de março. O adolescente Rafael Souza de Abreu, de 16 anos, encontra-se com amigos numa esquina do bairro Estuário, em Santos. Às 10 da noite, usa o celular para encomendar algumas esfihas. Minutos depois, ainda com o telefone na mão, vê-se diante de uma dupla de pistoleiros sobre uma moto. Leva um tiro na perna e, de joelhos, implora pela vida. É executado com sete tiros no rosto.

Madrugada do feriado de 21 de Abril. O jovem Marcos Paulo Soares Canuto, de 18 anos, sai de uma festa em Catiapoã, bairro periférico de São Vicente. Antes de voltar para casa de bicicleta, acompanha um amigo em passeio de moto. Os rapazes são abordados por quatro homens encapuzados, dois em cada moto. E são assassinados com vários tiros na cabeça. Duzentos metros adiante, outros dois jovens haviam sido executados pelo mesmo grupo.

Os inquéritos ainda não apontaram os responsáveis pela morte dos rapazes, mas os familiares de Rafael e Marcos compartilham uma certeza: os jovens foram executados por policiais militares que integram um grupo de extermínio na Baixada Santista.

As razões que levam à desconfiança são muitas. Dias antes de morrer, Rafael foi acusado de roubar uma loja de roupas. A casa de sua bisavó, onde dormia de vez em quando, teria sido vasculhada por PMs três vezes. De acordo com o pai, o portuário José de Abreu Neto, policiais que faziam bico de segurança na loja seriam os autores do ataque. "Quinze dias depois da morte do meu filho, uma testemunha foi assassinada. Os outros que presenciaram o crime ou se calaram ou saíram da cidade com medo. Um dos PMs envolvidos costuma mandar recados para mim. Bate na molecada da rua e fala: "Vocês estão apanhando por culpa do Zezinho"”.

No caso de Marcos Paulo, chamou a atenção o fato de os assassinos fazerem uma abordagem tipicamente policial antes da execução. Os amigos foram revistados e apresentaram o documento de identidade aos algozes. "Recolhi o RG do meu filho no chão", lembra a enfermeira Flávia Gonzaga, mãe do estudante assassinado.

Apenas neste ano, 34 execuções sumárias foram registradas na Baixada Santista pela Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo. Desde maio de 2006, época dos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC), a entidade contabilizou 115 homicídios com características de atuação de grupos de extermínio. "A maioria das vítimas é de jovens moradores da periferia, negros ou pardos, e não têm antecedentes criminais. Os executores aparecem de moto e costumam usar toucas para esconder o rosto. Os armamentos utilizados quase sempre têm o mesmo calibre: são projéteis .40 (usados pela polícia) e 380", diz o ouvidor Luiz Gonzaga Dantas.

Dantas acrescenta: "Tudo leva a crer que as mortes foram causadas por grupos de extermínio integrados por PMs. Viaturas da polícia são vistas no local dos assassinatos momentos antes. A cena do crime raramente é preservada. Quase sempre os corpos são removidos sob a justificativa de prestar socorro, mesmo quando as vítimas foram executadas com vários tiros na cabeça. É por isso que vou propor ao governo que proíba o socorro prestado por policiais. Quem deve fazer isso são os serviços de resgate e emergência. Esse suposto socorro só serve para atrapalhar as investigações."

As execuções na Baixada Santista voltaram a ganhar destaque na imprensa com a onda de violência que atingiu a região em abril, após a morte do policial da Força Tática Paulo Rafael Pires. Vinte e três jovens teriam sido assassinados em represália em menos de uma semana. A Polícia Civil chegou a divulgar uma lista com 50 jurados de morte por supostos grupos de extermínio integrados por PMs.

Passado mais de um mês dos ataques, no entanto, apenas um homem havia sido preso: Eduardo Rodrigues Nascimento, acusado de matar o policial Pires. Descontente com as investigações do caso, o secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, reuniu-se com o comando da PM na Baixada e exigiu a prisão dos policiais supostamente envolvidos nos crimes. A morosidade em identificá-los também teria causado o afastamento do corregedor Davi Nelson Rosolen. Em seu lugar entrou o coronel Admir Gervásio Moreira, que era chefe do Comando de Policiamento Metropolitano.

A troca não chegou a ser celebrada por organizações de defesa dos direitos humanos. Sob o comando de Moreira, os policiais do CPM mataram 139 civis em confrontos de maio de 2009 a março de 2010. Isso representa um aumento de 71,6% na letalidade da atuação policial em relação ao período correspondente anterior, em que policiais sob seu comando mataram 81 suspeitos em serviço.

O temor dos familiares das recentes vítimas é a impunidade que marcou as investigações das mortes ocorridas em maio de 2006, época dos ataques do PCC, quando 564 pessoas foram mortas em todo o estado por armas de fogo. Na Baixada Santista, diversas mortes são atribuídas a grupos "parapoliciais" nos inquéritos arquivados pelo Ministério Público.

Segundo o defensor público Antônio Maffezoli, houve omissão e negligência nas investigações. "Muitos homicídios nem sequer passaram pelo trabalho da perícia. Chegou-se ao absurdo de policiais cobrarem dos familiares de vítimas provas para dar continuidade às investigações."

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo encaminhou, em 17 de maio, um pedido ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel. O documento, também subscrito pela ONG Justiça Global, sugere que ele solicite à Justiça o deslocamento de competência das investigações de seis casos, envolvendo nove vítimas, às autoridades federais. Todos os casos apresentam indícios de atuação de grupos de extermínio e foram arquivados.

A reabertura dos casos é a grande esperança de Débora Maria Silva, líder do movimento Mães de Maio. Seu filho, o gari Edson Rogério Silva dos Santos, de 29 anos, foi executado em 15 de maio de 2006, pouco depois do Dia das Mães. Testemunhas afirmam ter visto policiais agredindo o rapaz, que cumpriu pena por roubo, em um posto de gasolina momentos antes de ser assassinado.

"Naquela noite, a ficha criminal do meu filho foi consultada mais de 20 vezes pelo Centro de Operações da Polícia Militar (Copom). Mas ninguém soube informar quem fez aquelas consultas. Também não fizeram a perícia na moto do meu filho nem ouviram testemunhas", diz Débora. "Eu alertei a polícia de que o posto de gasolina tinha câmeras, mas os policiais só requisitaram as gravações dois meses depois, quando as fitas já haviam sido apagadas."

Para Débora, o mesmo grupo de extermínio que matou seu filho é o responsável pelas atuais mortes. “Eles nunca pararam de matar. Todos os crimes têm as mesmas características. Por isso, continuo na luta pela punição dos assassinos de nossos filhos.”

''O Estado hoje usa máscaras''

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100613/not_imp565829,0.php

13 de junho de 2010 | 0h 00

Bruno Paes Manso - O Estado de S.Paulo

Primeiramente veio a tragédia. Em maio de 2006, Débora Maria da Silva perdeu o filho, o gari Edson Rogério da Silva, assassinado aos 29 anos em Santos nos dias que se seguiram aos ataques do Primeiro Comando da Capital. Na busca por Justiça, encontrou uma causa. Em conversas com outras mães de jovens que morreram no mesmo período, ela criou a Fundação de Amparo a Mães e Familiares Vítimas de Violência, conhecida como Mães de Maio, com o objetivo de lutar contra a impunidade em casos de violência praticados por policiais.

Nos casos de maio de 2006, ela percebeu alguns procedimentos comuns aos supostos crimes cometidos por policiais ? que acabaram sendo arquivados sem que fossem encontrados os culpados. Havia motos e autores com toucas ninjas, que depois do crime recolhiam as cápsulas disparadas. Em parceria com a entidade Observatório das Violências Policiais, eles passaram a acompanhar dezenas de jornais paulistas para contabilizar o total de pessoas mortas no Estado de São Paulo por assassinos mascarados.

Desde os ataques do PCC, 360 pessoas foram mortas por criminosos vestindo toucas ninjas segundo reportagens de jornais. Não é possível dizer que esses crimes foram praticados por policiais. Mas Débora afirma que os números deveriam provocar um debate maior na sociedade. "O Estado hoje usa máscaras", afirma Débora. Ela acredita que o arquivamento dos casos de Santos contribuíram para que policiais continuassem agindo movidos pelo impulso da vingança, usando os mesmos métodos que já mostraram ser eficientes e garantem a impunidade.

No fim de 2009, a morte de um policial no Guarujá já havia provocado reações de encapuzados. Morador de Morrinhos, bairro pobre da cidade, um jovem ligado ao grupo das mães, que pediu para não ser identificado, conta que teve o primo atacado por disparos no bairro de Santo Antônio. Ele acabou sobrevivendo e no ataque outras duas pessoas foram atingidas por disparos. "Nessas disputas, acaba sobrando para quem não tem nada a ver. A vingança ocorre contra quem está de bobeira no meio da rua", afirma.

Em muitos casos, a truculência policial não se resume somente aos justiçamentos privados. Assassinatos muitas vezes estão associados a outras atividades criminais, como ocorreu entre policiais do 18.º Batalhão da Polícia Militar, acusados de matar o coronel José Hermínio Rodrigues, comandante da polícia da zona norte de São Paulo. O motivo do assassinato seria a interferência do coronel no esquema de caixinha paga a policiais corruptos por traficantes locais. Eles também faturavam com dinheiro de caça-níqueis.

Neste ano, para lidar com o problema nas tropas, além de afastar os suspeitos de envolvimento, a Secretaria da Segurança Pública tem cobrado medidas dos comandos policiais. No caso da Baixada Santista, a lentidão nas apurações dos assassinatos levou à troca da chefia da Corregedoria de Polícia.

sábado, junho 12, 2010

Dois mortos e quatro feridos pela PM na Nova Holanda

11.06.10 às 23h58 > Atualizado em 12.06.10 às 00h28

POR MARCO ANTONIO CANOSA - O Dia online

Rio - Duas pessoas foram mortas e quatro ficaram feridas durante operação da Polícia Militar, no início da noite de sexta-feira, na Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré. Todas as vítimas estavam numa barbearia e, segundo moradores, não tinham envolvimento com o tráfico de drogas. Entre os feridos está uma criança de 5 anos, que foi baleada numa das mãos e perdeu três dedos. O menino foi transferido ainda na noite desta sexta-feira para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, parta ser operado por um ortopedista.

A incursão começou por volta das 18h. Segundo testemunhas, policiais do 22º BPM (Maré) teriam atirado contra uma barbearia na Rua Santa Rita. O frentista Paulo Cardoso Batalha, 42 anos, e Davison Evangelista Pacheco, 19, que era deficiente auditivo e estava na cadeira de barbeiro quando foi atingido, morreram.

Filho do frentista, Gabriel Batalha, de 5 anos, que estava no colo do pai, foi baleado na mão e levado para o Hospital de Bonsucesso. Também foram socorridos para a mesma unidade o pedreiro Rodson Soares Gomes, de 21, o barbeiro Alessandro Oliveira do Nascimento, de 25, e Gilberto dos Santos, de 35.

Revoltados, parentes das vítimas foram até o batalhão, mas alegam que não foram recebidos pelo comandante. Eles afirmaram também que pertences das vítimas foram levados pelos PMs. Já o tenente-coronel Glaucio Moreira disse estar à disposição dos moradores na unidade. O oficial afirmou que os policiais foram recebidos a tiros por traficantes e revidaram. O oficial disse que passou o caso para investigação da Polícia Civil e que também vai abrir procedimento interno para apurar o caso. "Vamos tratar de tudo com a maior lisura e apurar o que de fato aconteceu", afirmou.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios. Sexta à noite policiais da especializada estiveram no Hospital Geral de Bonsucesso e ouviram familiares das vítimas e testemunhas da incursão policial à favela.

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Grupos de extermínio se unem para formar milícia em SP

12/06/2010-07h35
DE SÃO PAULO

Folha.com

Investigações do Ministério Público Estadual e das polícias Civil e Militar apontam que PMs suspeitos de integrar grupos de extermínio nas zonas norte e leste se uniram para formar uma espécie de milícia. A informação é da reportagem de André Caramante, Rogério Pagnan e Afonso Benites publicada na edição deste sábado da Folha (íntegra somente para assinantes do jornal ou do UOL).

O texto afirma que o grupo envolve policiais de ao menos quatro batalhões na capital e tem cerca de 50 integrantes. Já os objetivos desses PMs, segundo a cúpula da segurança pública, são: torná-los um grupo mais forte para assumir o controle do tráfico de drogas e intimidar policiais civis para evitar prisões.

Documentos obtidos pela Folha revelam que parte do plano já está em execução. Há ainda escutas telefônicas apontando a ligação entre os dois grupos.

Dois delegados e um investigador do DHPP (departamento de homicídios), responsáveis por investigar mortes na zona norte e chacinas, foram ameaçados por homens que a Polícia Civil acredita serem PMs.

sexta-feira, junho 11, 2010

Preso PM suspeito de matar coronel na zona norte de SP

11/06/2010-10h03
ANDRÉ CARAMANTE - Folha.com
DE SÃO PAULO


O soldado da PM Pascoal dos Santos Lima foi preso preventivamente (até um provável julgamento) na madrugada desta sexta-feira pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, sob suspeita de ter assassinado o dono de duas farmácias na zona norte de São Paulo.

De acordo com a investigação do DHPP, o comerciante Eder Walter Moreira foi morto a tiros quando saía de uma academia de ginástica, em novembro de 2006, na região da Vila Santa Maria, porque o PM tinha uma desavença com seu irmão, que é suspeito de traficar drogas na zona norte da capital.

A ordem para prender o PM Pascoal foi dada pelo juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri de São Paulo. O PM já está no Presídio Militar Romão Gomes, no Jardim Tremembé (zona norte).

O soldado Pascoal também é apontado pelo DHPP como responsável pelo assassinato do coronel José Hermínio Rodrigues, 48.

À época do crime, na manhã de 16 de janeiro de 2008, o coronel Rodrigues era o comandante da PM na zona norte de São Paulo.

O soldado Pascoal, que ganhou o apelido de Monstro nas ruas de São Paulo, havia sido preso em 24 de janeiro de 2008 (oito dias após a morte do coronel Rodrigues) acusado de matar a mãe de um outro suposto traficante, mas depois foi colocado em liberdade pela Justiça.

Atualmente, o soldado Pascoal trabalhava em uma unidade administrativa da PM que cuida dos carros da corporação, no bairro da Luz (região central de São Paulo).

Semana passada, ao ser questionado, o Comando Geral da PM se recusou a informar à Folha qual era o local de trabalho do soldado preso hoje. Antes de ser colocado no setor de carros da PM, o soldado Pascoal chegou a prestar serviços na própria corregedoria (órgão fiscalizador) da corporação. A prisão do policial nesta madrugada foi cumprida pela corregedoria.

Tiros no coronel

Em julho de 2008, o DHPP apontou o soldado Pascoal como principal responsável pela morte do coronel Rodrigues. Ao todo, ele é suspeito de envolvimento em 12 atentados, entre chacinas e homicídios, que deixaram 17 mortos, isso segundo o DHPP.

Os investigadores do caso acreditam que uma das principais motivações para a morte do coronel Rodrigues foi o fato de o soldado Pascoal ter sido transferido da Força Tática (espécie de tropa de elite de cada batalhão da PM) do 18º Batalhão para o setor administrativo do 43º.

A transferência foi motivada porque Pascoal era um dos PMs que mais se envolviam em ocorrências policiais que terminavam em morte na zona norte.

Para o DHPP, o soldado Pascoal estava insatisfeito com a transferência das ruas para o setor burocrático e, por isso, resolveu matar seu superior na avenida Engenheiro Caetano Álvares, uma das mais movimentadas da zona norte da capital.

O coronel Rodrigues andava de bicicleta, à paisana, e desarmado ao ser atingido pelos tiros de um motoqueiro que encostou ao seu lado para cometer o atentado.

De acordo com o delegado Marcos Carneiro Lima, à época no DHPP, uma testemunha reconheceu o capacete com desenho de chamas, uma moto Falcon, uma jaqueta e uma bota da PM que eram do soldado Pascoal como os mesmos usados pelo assassino do coronel.

Em julho de 2008, quando o DHPP apontou o soldado Pascoal como responsável pela morte do coronel Rodrigues, a namorada do oficial, Ângela Bruno, dizia não acreditar que sua morte havia sido cometida apenas por uma pessoa e por um motivo tão pequeno como uma vingança pela transferência de setor de um soldado da PM.

Disputa pela droga

Outra linha de investigação levantada pelo DHPP para a morte do oficial é a de que o soldado Pascoal, acompanhado do segurança Wellington de Carvalho Franco (já preso) e outros PMs que trabalham na zona norte da capital, disputavam pontos de venda de droga na região e cobravam propinas dos criminosos que não faziam parte do esquema para traficar para eles.

O segurança Franco chegou a assumir participação em três assassinatos nos quais diz ter agido junto com PMs do 18º Batalhão. Ele também é acusado de ajudar o soldado Pascoal a matar o comerciante Moreira, em novembro de 2006.

Chacina

Os exames balísticos feitos nas cápsulas achadas ao lado do corpo do coronel Rodrigues e as recolhidas numa favela do Jardim Marcelina, na zona norte --onde seis pessoas foram mortas numa chacina, em 29 de junho de 2007-- deram positivo.

A perícia apontou também que a mesma arma, uma pistola.380, foi usada no assassinato do entregador de pizzas Valmir da Silva, 34. O crime ocorreu em junho de 2007, na Casa Verde Alta (zona norte de São Paulo).

O soldado Pascoal já foi indiciado pela chacina, pela morte do entregador Silva, pelo assassinato do coronel Rodrigues e, hoje, foi preso pela morte do comerciante Eder Walter Moreira. O segurança Franco também é apontado pelo DHPP como participante na morte do comerciante Moreira.

A reportagem ainda não localizou os advogados de defesa do PM Pascoal e do segurança Franco.

quinta-feira, junho 10, 2010

PMs acusados de matar motoboy em SP são levados para presídio

09/06/2010-21h01 - DE SÃO PAULO - folha.com


Os 12 policias militares acusados de envolvimento na morte de um motoboy em São Paulo, que tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça na terça (8), foram levados na noite desta quarta-feira para o presídio militar Romão Gomes.

Eles são acusados de envolvimento na morte do motoboy Eduardo Luís Pinheiro dos Santos, 30, no dia 9 de abril na zona norte de São Paulo. Os PMs já tinham sido detidos, mas foram soltos no fim de maio após o fim da prisão temporária de 30 dias.

Os PMs Raphael Souza Cardoso, Nelson Rubens Soares, Alexandre Seidel, Wagner Aparecido Rosa, Ismael Pereira de Jesus, Rodrigo Monteiro, Antonio Sidnei Rapelli Júnior, Jair Honorato da Silva Junior, Fernando Martins Lobato, Andressa Silvestrini Sartoreto, Rafael Silvestre Meneguini e Jordana Gomes Pereira foram levados para a Corregedoria da corporação e, em seguida, para o presídio.

Os policiais, que na época do crime atuavam na 1ª Companhia do 9º Batalhão da PM, na Casa Verde (zona norte), são suspeitos de torturarem Santos até a morte. Na noite de 9 de abril, o motoboy envolveu-se em uma briga por causa da bicicleta de um amigo que havia sido furtada. Foi levado por PMs para o quartel e, no dia seguinte, seu corpo foi localizado em uma rua, com marcas de tortura.

A mãe da vítima, a pedagoga Elza Pinheiro dos Santos, 62, disse na época do crime que o filho foi morto por ser negro. Dos 12 policiais investigados, 9 foram presos administrativamente no dia 23 de abril. Cinco dias depois, a Justiça Militar decretou a prisão temporária de todo o grupo que estava no plantão noturno daquela companhia da PM.

No inquérito que corre na Corregedoria, todos os investigados negaram o envolvimento na morte do motoboy.

Após o crime, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Álvaro Batista Camilo, enviou uma carta à mãe do motoboy pedindo desculpas pela ação dos policiais. No dia 30 de abril, o governador Alberto Goldman (PSDB) autorizou o pagamento de indenização à família da vítima.

quarta-feira, junho 09, 2010

MP de Santos pede temporária de 18 policiais militares presos no final de semana

Terça-feira, 8 de junho de 2010 - 23h52
Renato Santana - atribuna.com


O Ministério Público (MP) de Santos pediu, nesta terça-feira, a prisão temporária dos 18 policiais militares detidos pela Corregedoria da PM durante o final de semana. A acusação principal é de formação de quadrilha ou bando. Outros cinco policiais tiveram a prisão temporária decretada na segunda-feira.

Um inquérito policial foi aberto para apurar a participação de policiais em grupos de extermínio que executaram mais de dez pessoas em Vicente de Carvalho, Guarujá, durante a onda de violência entre os dias 18 e 26 de abril, que matou 23 pessoas.

Além de formação de quadrilha, esses policiais são acusados de homicídio. Policiais que atuam em batalhões da Capital também estão envolvidos.

Segundo fontes na Polícia Militar, os presos compõem juntos um grupo chamado de “Ninjas da PM” e atuam em conjunto nas ações de extermínio nas periferias do Guarujá.

A Polícia Civil ainda não tem provas de que as ações ocorridas em Guarujá estejam ligadas com as de Santos, São Vicente e Praia Grande.




terça-feira, junho 08, 2010

Justiça decreta prisão temporária de 4 PMs acusados de assassinatos na Baixada Santista

08/06/2010-18h59
AFONSO BENITES - Folha.com
DE SÃO PAULO


A Justiça de São Paulo decretou a prisão temporária de quatro policiais militares acusados de matar a tiros 23 pessoas na Baixada Santista entre os dias 17 e 26 de abril. Eles são suspeitos de integrar um grupo que atua na região e que teria iniciado uma série de assassinatos após a morte de um soldado da PM.

Os quatro policiais, que já estavam detidos administrativamente na Corregedoria da PM, foram levados na noite de segunda-feira (7) para o presídio militar Romão Gomes, na cidade de São Paulo.

Ainda estão detidos na corregedoria 13 policiais suspeitos de envolvimento nas mortes. Esse grupo deve ter seu pedido de prisão temporária analisado até amanhã. Ao decretar a prisão de quatro PMs na noite de ontem, o Judiciário atendeu a um pedido do Ministério Público e determinou que as investigações sejam mantidas em sigilo.

O objetivo do sigilo é evitar que outros policiais que estejam envolvidos com esses crimes saibam o teor das investigações.

"Não podemos nos posicionar sobre nada. Mas posso adiantar que ainda temos muito trabalho pela frente e não vamos parar até deixar tudo esclarecido", disse o delegado Waldomiro Bueno Filho, diretor do Deinter-6, responsável pela região da Baixada.

Além dos policiais, outras três pessoas foram presas na semana passada sob a suspeita de envolvimento com os 23 assassinatos.

INVESTIGAÇÃO

A Polícia Civil tem pelo menos dois focos de investigação. Um vai na linha de vingança de policiais pela morte do soldado Paulo Rafael Pires, 27, assassinado a tiros no dia 17 de abril, no bairro Vicente de Carvalho, periferia do Guarujá.

A outra suspeita é a de que exista uma disputa de traficantes por pontos de venda de drogas na Baixada Santista. Alguns dos policiais detidos poderiam ter relação com essa briga.

Na ocasião da onda de assassinatos, escolas e lojas do Guarujá chegaram a fechar suas portas mais cedo que o de costume para evitar a aglomeração de pessoas. Conforme a Folha revelou em 21 de abril, moradores diziam que havia um toque de recolher na cidade. Fato que a polícia negava.

O Consulado dos Estados Unidos em São Paulo emitiu, naquela época, um comunicado dizendo para os seus cidadãos evitarem viajar para a Baixada Santista. Quase duas semanas depois, o órgão revogou o alerta.

Polícia Civil pede a prisão temporária de 5 PMs

Terça-feira, 8 de junho de 2010 - 06h39 - Baixada Santista

Renato Santana - atribuna.com.br

A Polícia Civil pediu na segunda-feira a prisão temporária dos cinco policiais militares presos administrativamente pela Corregedoria da PM, na última quarta-feira. Eles são investigados pela possível participação na morte de pelo menos cinco dos 10 crimes ocorridos no dia 19 de abril, em Vicente de Carvalho, Guarujá. A investigação segue em segredo de Justiça.

De 18 e 26 abril, 23 pessoas morreram na região. No final de semana, mais 18 policiais militares foram presos. Nesta segunda-feira, o prazo de detenção disciplinar se encerrou para cinco policiais detidos na semana passada.

Entre eles estão o PM Paulo Rodrigo Ferreira Pires, do 21º Batalhão de Guarujá, irmão de Paulo Raphael, e Célio, PM lotado em Diadema e irmão do cadáver encontrado enterrado no Morro da Vila Baiana, estopim da matança.

A chave para o pedido da temporária é que um dos envolvidos nos grupos de extermínio, beneficiado pela delação premiada, relatou à polícia que Paulo Rodrigo e Célio são os líderes da matança. Por ele, as autoridades chegaram nos outros 18 policiais presos.

Conhecidos como os Ninjas da PM, os policiais são acusados de integrar um grupo de extermínio que agiu em retaliação ao assassinato do policial da Força Tática Paulo Raphael Ferreira Pires. As prisões disciplinares, na região, atingiram policiais lotados no 21º Batalhão de Guarujá, Bertioga e Cubatão. As investigações apontam a participação de PMs nas mortes ocorridas em Guarujá.

domingo, junho 06, 2010

Mais 17 PMs são presos por mortes na Baixada Santista (SP

06/06/2010-07h52

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO - folha.com

A Corregedoria da Polícia Militar prendeu entre anteontem e ontem mais 17 policiais militares suspeitos de envolvimento na série de homicídios ocorridos na Baixada Santista no mês de abril.

Desde a última quarta-feira, 22 PMs já foram presos. Todos os suspeitos foram trazidos de quartéis do litoral para a corregedoria, na capital paulista, onde terão de cumprir prisão disciplinar de até cinco dias.

Caso a corregedoria encontre evidências da participação desses policiais nos 23 assassinatos ocorridos entre 17 e 26 de abril deste ano, será pedido à Justiça a prisão temporária deles. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados pela corporação.

No início tarde de ontem, era intensa a movimentação de mulheres, advogados, amigos e familiares dos policiais na sede da corregedoria, na Luz (centro).
A detenção dos suspeitos foi confirmada pelo Ministério Público, que está acompanhando as investigações.

Procurado, o Comando Geral da PM informou que não iria se posicionar sobre o assunto para "evitar problemas no curso das investigações", que são feitas em conjunto com a Polícia Civil.

As prisões disciplinares dos 22 PMs só aconteceram depois que a Polícia Civil deteve três pessoas por porte ilegal de armas na última quarta-feira. Uma delas forneceu nomes de policiais que poderiam ter relação com as 23 mortes na Baixada.

A Folha apurou que a Polícia Civil tem pelo menos dois focos de investigação. Um vai na linha de vingança de policiais pela morte do soldado da PM Paulo Rafael Pires, 27, morto a tiros em abril na periferia do Guarujá. As outras 22 mortes ocorreram na sequência da dele, todas a tiros.

A outra suspeita é a de que exista uma disputa de traficantes por pontos de venda de drogas na Baixada. Alguns dos detidos poderiam ter relação com essa briga.

sexta-feira, junho 04, 2010

Policial preso é suspeito de tentar vingar a morte do irmão, diz corporação

Sexta-feira, 4 de junho de 2010 - 06h43
Renato Santana - A Tribuna.com


Cinco policiais militares foram presos em caráter administrativo pela Corregedoria da instituição, na madrugada de ontem, sob acusação de participarem de um grupo de extermínio na Baixada Santista. De acordo com uma fonte da corporação, um deles é irmão do policial da Força Tática Paulo Raphael Ferreira Pires, fuzilado no dia 18 de abril em Vicente de Carvalho, Guarujá.

A morte desse policial desencadeou uma onda de violência que só acabou oito dias depois, com mais 22 mortos. Os PMs detidos são acusados de participar de execuções para vingar a morte do colega.

O irmão de Paulo Raphael, que trabalha em Guarujá, pertence ao 21º Batalhão, as- sim como outros dois policiais detidos, que atuam na 4ª Companhia de Cubatão. Os outros dois estão lotados no 24º Batalhão de Diadema e 40º Batalhão de São Bernardo do Campo.

Fontes na Polícia Civil afirmam que o irmão de Paulo Raphael prometeu iniciar uma matança para vingar sua morte. Por isso, passou a ser observado logo depois do dia 18 de abril.

Os irmãos eram considerados policiais linhas-duras. Tanto que Paulo Raphael participou de incursões na Vila Baiana, em Guarujá, à procura do cadáver do irmão de um PM da Capital, morto pelo grupo local do Primeiro Comando da Capital (PCC) por ter sido identificado por vítimas como estuprador. Na ocasião, ele e os outros ninjas bateram no irmão do traficante Eduardinho, preso como o mandante da morte do PM.

Os cinco policiais ficarão presos, disciplinarmente, durante cinco dias para que sejam feitas diligências. O período de detenção pode ser prorrogado e, caso a Polícia Civil comprove a participação nas execuções, será pedida prisão preventiva ou temporária.

De acordo com o porta-voz da Corregedoria da Polícia Militar, Marcelo Nagy, o objetivo da prisão de caráter administrativo é aprofundar as investigações: "Queremos apurar os fatos e punir os culpados de maneira exemplar", disse quarta-feira à noite, em São Paulo, durante entrevista coletiva que anunciou as detenções.

Base das investigações

Em entrevista a A Tribuna, na série de reportagens sobre os crimes de maio de 2006, publicada entre os dias 25 e 30 de abril, um ex-policial que atua em grupos de extermínio apontou a participação de empresas de segurança nas ações dos encapuzados.

Essa revelação foi a base da investigação. E a descoberta de uma empresa de segurança formada por PMs foi o estopim para a detenção dos policiais. A empresa era utilizada para impedir roubos em casas comerciais de Vicente de Carvalho e Santos.

De acordo com a Corregedoria, policiais se juntaram para formar o "grupo da morte". O objetivo era assassinar assaltantes e ex-detentos. Outros indícios apontam para a participação de ex-membros das Forças Armadas. Junto com os cinco policiais, três civis foram presos. Um deles denunciou todo o esquema e a participação dos PMs nas ações de extermínio.

Execuções motivam crise na Segurança Pública

A prisão disciplinar dos poli- ciais acontece após pouco mais de um mês de muita agitação no setor de Segurança Pública do Estado. As 23 mortes registradas na Baixada Santista desencadearam trocas de comandos, pressões aos que resistem e a vinda de mais de 200 homens da Rota e do Batalhão de Choque para a região.

O clímax da crise ocorreu com a troca do comando da Corregedoria. O coronel Admir Gervásio assumiu a pasta com a missão de solucionar os crimes com agilidade. Em pouco mais de uma semana no cargo, começa a mostrar resultados.

Antes disso, o consulado norte-americano divulgou nota recomendando à população de seu país que não visitasse os municípios de Guarujá, Santos, São Vicente e Praia Grande. Essa atitude criou rusgas diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.

Nos bastidores da matança, a vingança e seus códigos velados, não escritos. Longe da farda, policiais agiram na touca, sendo chamados de ninjas, para vingar a morte do irmão de um PM, acusado de estupro e executado pelo PCC. O policial Paulo Raphael, de acordo com os indícios, era um deles.

Mais vingança

Quando os ninjas, organiza- dos em grupo de extermínio, assassinaram Alexandre, irmão de Natal e primo de Eduardinho, comparsas no comando do PCC na Vila Baiana, em Guarujá, foi a vez de Paulo Raphael ser morto. Mais vingança. A promessa era de que 50 morreriam. Foram 22.

Daí por diante a história é de domínio público e trágica. As investigações da Polícia Civil e da Corregedoria estão apenas no começo.


hthttp://www.atribuna.com.br/noticias.asp?idnoticia=38033&idDepartamento=11&idCategoria=0tp://

Mensagem de Ricardo Andrade, do Reaja ou Será Mort@ (Bahia)





Prezados irmãos, venho acompanhando as ações desesperadas do governo estadual no sentido de resolver a grave crise de segurança pública, na qual o estado baiano está submetido. Nessa nossa observância, percebemos que o racismo grita alto dentro do governo, enquanto a anestesia institucional atrofia as ações de ex-calorosos e honrados militantes negros, que atuavam como verdadeiros baluartes de nossa causa, num passado bem recente.

Vi muitos de vocês batendo palmas e sorrindo para câmeras de TVs quando o governador Wagner, prestava conta a elite baiana, apresentando as milhares de viaturas e motocicletas, além da contratação de milhares de novos polícias militares que serão adestrados para levar pânico às nossas comunidades. Muitos estavam nas inaugurações dos novos presídios e delegacias. Mas já que estão envolvidos irmãos, pressionem, ao menos, para o governador apresentar também os FUIZIS ISRAELENSES adquiridos com nosso dinheiro. Coloca tudo na Avenida Paralela sobre o gramado pra gente ver quando passar de ônibus rumo ao nosso trabalho.

É importante que nossa gente saiba que mais cedo ou mais tarde esses FUZIUS adquiridos pelo governo estarão disparando na cabeça e no peito preto de nossos filhos, irmãos e parentes. Entendo a teoria dos que dizem que os FUZIS são apenas pra impressionar e “gerar o fator psicológico favorável”, mas prefiro acreditar no que vejo, e vejo bala e sangue no chão de nossas ruas.

Aqui em Itinga irmãos, um garoto de sete anos foi baleado na semana passada e antes que acusem, vou logo dizendo que ele não tem ligação com tráfico de drogas. A prefeita daqui, que coordena a campanha de Dilma na região Nordeste, tem se mostrado incapaz de viabilizar um espaço de lazer para nossas crianças e adolescentes, mas anunciou a compra de um terreno de 1 milhão e meio de reais pra fazer uma obra em Vilas do Atlântico, a parte nobre da cidade. Os negros e negras daqui também estão anestesiados.

Minha intenção irmãos da diáspora é reafirmar a importância de se ocupar espaços com esses no governo, mas não dá pra abrir mão de dizer que isso precisa quer valer apena, precisa ter utilidade.


Ricardo Andrade
Posse PCE - Movimento Hip Hop
Articulador da Campanha Reaja
Movimento Negro Unificado

Congresso Internacional de Saúde Mental

Manifesto encaminhado.através da Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, ao Congresso Internacional de Saúde Mental, que está sendo realizado no Rio de Janeiro .


Nós, Mães de Maio vítimas dos crimes de 2006, que abalou o Estado de São Paulo, deixando um rastro de mais 500 mortos e desaparecidos, que foram vítimas de execuções súmarias, grupos de extermínio formados por policiais, ex-policiais e seguranças privados, conforme amplamente divulgado em nossa mídia, policiais que assassinam e alegam "Resistência Seguida de Morte" entre outros argumentos.

Impossibilitadas de estar presentes a esse Congresso, vimos através desta externar nosso repúdio a esse Sistema de Saúde que não nos oferece apoio e acompanhamento a estas Mães, Pais e Familiares vitimas do Estado, que sofrem com a dor insuportável da perda de um filho, com a impunidade e com a falta de investigação, apesar de todas as evidências, estando no momento quase todos os processos arquivados.

Muitas mães se encontram doentes, algumas do nosso "Movimento", com depressão, pressão alta, princípio de AVC, suspeita de câncer de mama, entre outras, sem condições de lutarem por seus direitos, algumas lutam apesar da doença e adversidades.

Queremos um Sistema de Saúde que dê um atendimento diferenciado, médico, laboratorial, psicológico, psiquiátrico e social as Mães e Familiares Vítimas de Viôlencia do Estado de todo o Brasil.

Gratas

MÃES DE MAIO

quinta-feira, junho 03, 2010

Homenagem das Mães de Maio à Dona Maria Aparecida (Mãe de Alexandre)



Nós, Mães de Maio, prestamos aqui a nossa Homenagem e manifestamos toda a nossa Solidariedade à Guerreira Maria Aparecida. Pode ter certeza que estamos e estaremos juntas na Luta Por Justiça!

Forte abraço!
Mães de Maio


Corregedoria da PM prende 5 policiais suspeitos na onda de violência

De A Tribuna On-line - Quinta-feira, 3 de junho de 2010 - 13h22


Cinco policiais militares da Baixada Santista estão detidos na Corregedoria da Polícia Militar, na Capital, por suspeita de participação em grupo de extermínio responsável pela série de mortes na região durante o mês de abril.

Segundo a Polícia Militar, eles foram conduzidos disciplinarmente para a Corregedoria para prestar depoimentos. Os nomes não foram divulgados para não atrapalhar a investigação.

As prisões ocorreram na noite de quarta-feira depois de o cumprimento de mandados de busca nas cidades de Cubatão e Guarujá. Na operação, três pessoas foram presas por porte ilegal de arma e munição, acusadas de terem participado da onda de assassinatos em abril. Durante os depoimentos, uma delas delatou a participação de cinco PMs nos homicídios.

Segundo o porta-voz da Corregedoria, Marcelo Nagy, os policiais ficarão à disposição enquanto ocorrem as diligências . “Eles estão presos disciplinarmente pelo período de cinco dias. Se ficar comprovada a participação, o delegado poderá pedir prisão temporária ou preventiva”.

Além dos cinco policiais, os nomes de outros foram citados. A Corregedoria segue investigando. “Temos a identificação dos PMs citados, mas estamos a campo para localizarmos o paradeiro de alguns. O que importa para nós é a transparência nas investigações, e que a sociedade saiba que a Polícia Militar, juntamente com a Polícia Civil e o Ministério Público, trabalha de forma incessante para dar uma resposta e trazer segurança para a sociedade”.

Onda de violência

Após o soldado Paulo Raphael Ferreira Pires, de 27 anos, da Força Tática do 21º BPM/I (Guarujá), ser morto com tiros de fuzil, no dia 18 de abril em Vicente de Carvalho, uma série de assassinatos ocorreu na região.

Entre os dias 18 e 26 de abril foram contabilizados 22 homicídios. Indícios sugerem que os crimes foram cometidos por um grupo de extermínio formado por PMs autodenominados ninjas. As ações foram em retaliação à execução do soldado da Força Tática. As suspeitas ganharam evidências com informações sobre a suposta morte do irmão de um policial militar.

http://www.atribuna.com.br/noticias.asp?idnoticia=37964&idDepartamento=11&idCategoria=0

Relator Especial da ONU considera que as mortes causadas pela polícia brasileira continuam em taxas alarmantes

O governo tem falhado em tomar todas as medidas necessárias

Nova Iorque, 1 de junho de 2010

"O dia-a-dia de muitos brasileiros, especialmente aqueles que vivem em favelas, ainda é vivido na sombra de assassinatos e violência de facções criminosas, milícias, esquadrões da morte e da polícia, apesar de importantes reformas do Governo", disse o Relator Especial da ONU sobre execuções extrajudiciais hoje, quando divulgou um Relatório de Seguimento sobre o progresso que o Brasil tem feito para reduzir mortes pela polícia desde a sua visita de 2007.

"Quando visitei o país, dois anos e meio atrás", disse o professor Philip Alston, Relator Especial da ONU, "Eu constatei que a polícia executou supostos criminosos e cidadãos inocentes durante operações ‘de guerra’ mal planejadas e contra-produtivas dentro das favelas. Policiais, que operam fora de serviço em esquadrões da morte e milícias, também mataram civis, como ‘justiceiros’ ou para obter lucro”.

"Atualmente, a situação não mudou dramaticamente. A polícia continua a cometer execuções extrajudiciais em taxas alarmantes", constatou o especialista da ONU. "E eles geralmente não são responsabilizados por isso."

Através da revisão das ações do governo federal e estadual nos dois últimos anos, o relatório do especialista destacou que o Brasil apresentou melhorias notáveis em algumas áreas. "Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco investigaram milícias e esquadrões da morte e o fato de que alguns policiais foram presos é muito positivo", disse ele. "Além disso, novos esforços de policiamento comunitário em algumas poucas favelas do Rio de Janeiro são muito bem vindos, como é também a promessa do governo federal de aumentar os salários para melhorar a segurança antes da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Mas estes esforços exigirão um impulso muito maior se forem para trazer a segurança que se espera dentro dos próximos quatro anos. "

Em outras áreas-chave, no entanto, ele observou que muito pouco tem sido feito. "Autos de Resistência continuam a uma taxa muito grande", disse ele, referindo-se mortes causadas pela polícia que são depois relatadas como tendo ocorrido em auto-defesa. "Houve pelo menos 11 mil mortes registradas como ‘resistência seguida de morte’ em São Paulo e no Rio de Janeiro entre 2003 e 2009. As evidências mostram claramente que muitas dessas mortes na realidade foram execuções. Mas a polícia imediatamente as rotula de ‘resistência’, e eles quase nunca são seriamente investigados. O Governo ainda não acabou com esta prática abusiva”. O especialista concluiu que, de fato, as “resistências seguidas de morte” aumentaram em São Paulo desde 2007. Ele pediu ao Brasil para "abolir esta categoria que permite uma licença para atirar para a polícia, e para investigar esses assassinatos como quaisquer outras mortes."

Ele acho bem vinda a nova abordagem experimental da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Rio de Janeiro que substitui intervenções violentas de curto prazo em favelas pela presença da polícia a longo prazo e de prestação de serviços sociais. "O conceito da UPP é um passo adiante muito bem vindo, pois traz a perspectiva de segurança real e sustentada", disse ele. "Mas há também cada vez mais relatos de abusos cometidos contra moradores da favela pela UPP, e os serviços sociais prometidos nem sempre foram fornecidos." O principal desafio é expandir o programa, já que "centenas de favelas continuam ou intocadas ou ainda sujeitas à velha mentalidade de que invasões ocasionais e violentas podem trazer segurança. "

"O Governo do Brasil merece muito crédito por sua cooperação e abertura ao escrutínio externo", disse o Relator Especial. "Mas ainda há muito a ser feito se o Governo quiser atingir o seu objetivo de reduzir as execuções extrajudiciais cometidas pela polícia."

* * *

O relatório do Relator Especial está contido em A/HRC/14/24/Add.4. Para mais informações, entre em contato com o Relator Especial, no seguinte endereço: sarah.knuckey@nyu.edu

Professor Alston foi nomeado Relator Especial da ONU em 2004 e apresenta seus relatórios para o Conselho de Direitos Humanos e a Assembléia Geral das Nações Unidas. Ele tem uma vasta experiência no campo dos direitos humanos, incluindo oito anos como presidente do Comitê das Nações Unidas sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, principal consultor jurídico para a UNICEF na elaboração da Convenção sobre os Direitos da Criança e Assessor Especial para o o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos. Ele é professor de Direito e Diretor do Centro de Direitos Humanos e Justiça Global na Escola de Direito de Nova Iorque. Para obter informações sobre o mandato do Relator Especial, consulte: http://www.extrajudicialexecutions.org/.

Polícia prende três PMs suspeitos de série de mortes na Baixada Santista (SP)

02/06/2010-22h05

Da Folha.com - Cotidiano
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

A Polícia Militar prendeu nesta quarta-feira três PMs suspeitos de participar de 23 assassinatos na Baixada Santista entre os dias 17 e 26 de abril. A expectativa inicial era de prender um grupo de até cinco policiais.

Os PMs foram citados por uma das três pessoas presas mais cedo, nesta quarta, pela Polícia Civil do Guarujá que está investigando os assassinatos em série. Esses três detidos foram indiciados por porte ilegal de armas.

De acordo com a assessoria de imprensa da PM, os policiais presos estão sendo trazidos para São Paulo, onde vão passar por interrogatório. Todos estão lotados em batalhões da Baixada Santista.

Conforme o teor dos depoimentos deles, a corregedoria poderá determinar a prisão administrativa dos suspeitos e pedir à Justiça a prisão temporária deles. Os nomes dos policiais não foram divulgados.

Inicialmente, a Polícia Civil se posicionou contrária à divulgação das três prisões. O argumento era de que a divulgação dos fatos atrapalharia a prisão de mais suspeitos. No entanto, o Comando-Geral da PM convocou uma entrevista coletiva, concedida pelo major Nagy, para revelar as detenções. Depois, a assessoria informou sobre os PMs presos.

"Estamos preocupados em dar informação à sociedade. O que estou falando aqui [na coletiva] não vai atrapalhar as investigações", ponderou o major.

Histórico

A série de mortes na Baixada começou após o assassinato do soldado da PM Paulo Rafael Pires, 27, no dia 17 de abril. Ele foi morto com dez tiros de fuzil e pistola disparados por ao menos duas pessoas no bairro de Vicente de Carvalho, periferia do Guarujá.

Desde então a Polícia Civil desenvolve duas linhas de investigação: um grupo de extermínio de PMs que quis se vingar da morte do soldado Pires e uma disputa por pontos de tráfico de drogas que também envolveria policiais da região.